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Aprovada em maio de 2014, a Lei do Menino Bernardo, apelidada de Lei da Palmada, estabelece a proibição do uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes na educação de crianças e adolescentes. A lei gerou e ainda gera polêmica, por muitos considerarem que a palmada, desde que leve, como muitos dizem, não traz prejuízos à criança, ao contrário, é efetiva na educação.  Mas será que ela realmente educa? A publicação “Cuidar sem Violência, todo mundo pode! Guia Prático para Famílias e Comunidades”, elaborada pelo Instituto Promundo, considera que “a palmada faz com que as crianças aprendam pelo medo e, portanto, isso não significa que a criança adquiriu um novo conhecimento”. E por quais razões os pais usam essa forma de educar? O Guia traz como justificativas: - porque acham que é importante para a educação dos filhos; - para descarregar a raiva; - porque perdem o controle; - porque acreditam que é o meio mais eficaz para evitar que os filhos repitam uma atitude ou comportamento considerados perigosos ou muito inadequados. E por que não devemos bater nos filhos? - Porque ensinamos o medo e a submissão, minando a capacidade das crianças de crescer como pessoas autônomas e responsáveis; - Paralisamos a iniciativa da criança, bloqueando seu comportamento e limitando sua capacidade de planejar e resolver problemas; - quando as crianças têm medo de serem castigadas, não se arriscam a tentar coisas novas, de modo que não desenvolvem sua criatividade, sua inteligência e seus sentidos; - não estimula a autonomia, nem permite elaborar normas e critérios morais próprios; - estimula uma relação em que a criança consegue mais atenção dos pais por meio da transgressão da norma do que por atitudes positivas; - oferece a violência como um modo válido para resolver conflitos aprendendo atitudes violentas; - dificulta o desenvolvimento de valores como a paz, a democracia, a cooperação, a igualdade, a tolerância, a participação e a justiça, essenciais para uma sociedade democrática; - legitima o abuso de poder dentro de todas as relações familiares; - traz consigo sempre o castigo emocional, fazendo com que a criança sinta que não tem o carinho dos pais nem sua aprovação. A mestra em educação, Tania Zagury, em seu livro “Limites sem trauma” ressalta ainda que “bater não resolve os problemas da relação, apenas encobre os conflitos e, ainda assim, por pouco tempo”. Além disso, ela aponta que depois que os pais se acalmam, sentem-se culpados e tendem a "afrouxar" de novo os limites, para aplacar a sensação aflitiva de culpa, perpetuando a situação de conflito. Existem outras formas de educar a criança muito mais efetivas e humanas que o castigo físico e humilhante. Certamente é um método mais trabalhoso, pois requer o estabelecimento de limites claros, coerentes com a faixa etária e consistentes e que necessita de tempo e paciência para que a criança entenda e obedeça. Porém é muito mais efetivo e cria um vínculo muito mais forte com os filhos. Em outro artigo, podemos tratar desse outro jeito de educar. Leia mais sobre esse tema: No blog Cientista que virou mãe, há a tradução do artigo intitulado "O castigo físico de crianças: lições dos últimos 20 anos de pesquisa", publicado no periódico científico CMAJ - Canadian Medical Association Journal . O artigo é do editor da revista, inspirado por estudo canadense que analisou os resultados das pesquisas sobre castigos físicos infantis realizadas nos últimos vinte anos. Acesse aqui.

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